Tecnologia e Arte

Por Abraham Palatnik

A tecnologia não é um fenômeno novo. Tem características dinâmicas, evolui sempre, e certamente não foi inventada pelo homem.

A existência no universo de formas tão diversas, orgânicas ou inorgânicas, simples ou complexa é intrigante; alguma tecnologia foi acionada para que estas formas assumissem tal aspecto.

A evolução das forcas no universo ocorre de maneira espontânea, e seu processo esta inserido no padrão responsável pelo aperfeiçoamento das estruturas vivas e independentes de participação consciente.

A tecnologia na evolução do homem adquire significado e está em evidencia na medida em que ela permite aos sentidos um acesso consciente a mecânica das forças naturais.

Podemos considerar a evolução do homem decorrentes dos mecanimos naturais de que é dotado para perceber, identificar, armazenar e etc., e dos mecanismos artificiais – “extensões” enfim de tecnologia e informações.

O natural e o artificial convivem e se completam. São, portanto, componentes vitais de nossa cultura. Este fato, no entanto, não é gratuito nem fácil; o homem não nasce pronto. Leva a vida toda aprendendo. Sua sobrevivência dependerá da tecnologia, cuja função é resolver seus problemas cada vez mais complexos e promover sua integração no meio em que vive.

O estudo é o componente artificial codificado e implantado em nosso cérebro. Esse conhecimento pode ser implantado em nossas extensões. Para que a extensão saiba, terá que ser informada. Assim, se eu entro no elevador e falo português nada acontecera. Mas, se eu quiser subir para o terceiro andar tenho que falar em ELEVADORES. O dedo aperta o número 3 e pronto, ta falado...

Estamos condicionados a ver as coisas por intermédio de explicações, descrições e teorias. Confiamos naquilo que está escrito ou naquilo que é traduzível em palavras; tudo, enfim, codificado. Desativamos o mecanismo que possuímos para perceber por conta própria, submetendo-nos à percepção através dos códigos.

Como corrigir esta situação?

Estimulando e desenvolvendo os mecanismos que possuindo para perceber tudo o que nos cerca, e fazendo sentir nossa presença.

Pela arte? Sim, mas também pela ciência e pela tecnologia.

As informações estão inseridas nos diversos aspectos da forma como contorno, padrão, seqüência estrutura, forma musical, abstrata, matemática, geométrica, forma de pensamento, etc.

Na realidade, artistas e cientistas podem facilmente observar que na ordem universal da qual o homem faz parte cada forma tem um significado especial, inclusive a desordem, e que não há nada na natureza que seja completamente sem forma, pois se houvesse não poderíamos percebê-la.

A compreensão dos aspectos da forma não apenas no mundo externo, mas também nas raízes inconscientes da atividade humana, faria desmanchar a duvida e a controvérsia que há na relação entre arte, ciência, tecnologia e comunicações.

O subconsciente também é dotado de mecanismos que se ativam espontaneamente, e de maneira tão extraordinária, que a poderosa ciência ainda não consegue compreender todo o seu processo. Um deles, a intuição, é sem duvida uma das faculdades mais importantes do homem. A evolução tecnológica dependeria em grande parte dessa faculdade, sendo que a atuação da denominada “inteligência” estaria integrada no processo da intuição.

Um problema complexo funde nossa cuca, mas a solução salta inesperadamente, e de repente vemos ordem e lógica em diversos fatos irregulares e no meio da desordem. Fatos científicos importantes têm sido previstos por uma percepção intuitiva.

Sem a intuição, enfim, não teríamos artistas, que nos proporcionam essencialmente o contato com o inesperado. É o que chamamos de CRIATIVIDADE.

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